Os tempos em que vivemos são inesperados e complexos.
Andávamos todos, uns mais outros menos, a discutir relevantes questões para o futuro da Humanidade – alterações climáticas, emergências de poderes autoritários de natureza populista e extremista de direita e de esquerda, guerras e fundamentalismos religiosos às portas e dentro da própria Europa (que não podem sair da agenda) –, e somos surpreendidos por um inimigo coletivo invisível. Um inimigo que não olha a ideologias moderadas ou extremistas, a regiões e religiões, a gente preocupada ou negacionista (cresce mais, aliás, entre regimes e populações negacionistas). A Humanidade espera, assim, que se supere a si própria e que consiga encontrar, em tempo recorde, uma vacina e outros antídotos que sirvam de panaceia para o medo e efeitos dramáticos que a pandemia provoca nas populações, sobretudo mais desfavorecidas e vulneráveis física e financeiramente. Para além do acerto ou desacerto das decisões que os responsáveis políticos de cada nação – quase sempre e sem exceção procurando encontrar uma oportunidade na desgraça para se aumentarem a popularidade à custa do medo e do desconhecido, e nem sempre olhando com acerto para as indicações da boa ciência -, esta é a sobretudo a hora dos cidadãos. De cada um de nós. O sucesso desta guerra depende de cada um de nós. É um cliché, mas atentos os números que vemos, há que repeti-lo. Perante a situação calamitosa em que vivemos, há das questões essenciais: saúde física e psicológica e economia. E, nisso, há muito que depende de cada uma de nós. Os comportamentos adequados de distância social etiqueta respiratória são de todos conhecidos. Não há mais razões para nãos os adotarmos. Mas o foco principal da minha reflexão pretende sublinhar os outrosdois pontos. O primeiro na saúde mental: sem possibilidade de presença física, de abraços, beijos, mimos e convívios de tanto apreciamos, esta é a hora de reforçarmos os laços afetivos, no modo que pudermos. A força da palavra é imensamente poderosa. Ligar aos amigos e familiares, sobretudo aos que não podemos ver e estar ou que estão infetados ou contaminados, e dizermos-lhes que os estimamos, que os amamos, que desejamos as melhoras rápidas, que nos preocupamos com eles, terá certamente um efeito potente no seu ânimo e coração. Em segundo lugar, a parte económica, com efeitos igualmente devastadores. E nisso, também podemos ajudar. Todos continuamos a precisar de consumir: alimentos, roupa e outros bens de primeira e outras necessidades. Muitas vezes não olhamos para a origem dos produtos, deixamo-nos levar pelo impulso. Chegou a hora de deitarmos essa atenção. Comprarmos o que é da nossa região, ou do nosso país, é um ato patriótico que o país precisa, neste momento. Se pudermos comprar os legumes dos nossos vizinhos, ou as bananas da Madeira, porque comprar o que vem de longe? Alberto S. Santos Artigo de opinião publicado no IMEDIATO (20/11/2020) Comments are closed.
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Agosto 2024
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