A existência é gratificante quando nos surpreende com algo que tanto desejamos e reconforta.
Por vários dias, meses e anos da minha vida, deslumbrado com os livros que que lia, sonhei escrever as minhas próprias histórias. Histórias que fizessem viajar no tempo e no espaço, que fossem o passaporte mágico e invisível para comungar a vida real com a imaginação; com a memória e os vários tempos históricos; a infância – território fecundo de vivências escondidas -; o subconsciente coletivo e de cada um em particular; com a condição humana, nas suas grandezas, tragédias,milagres e comédias. Milagres podem acontecer quando dirigimos intensamente a nossa vontade consciente e subconsciente para a transformação de algum aspeto da vida. Milagre ou não, foi assim que começou a minha jornada de escritor. Incubando a ideia, lendo muito, compreendendo como os grandes autores construíram as suas telas literárias, desejando muito escrever uma bela história, e procurando uma ideia. Até que, sem perceber muito bem como, estava a escrever os primeiros capítulos de «A Escrava de Córdova», nos idos de 2006, e que, incrivelmente, viria a ver a luz do dia em maio de 2008, e conquistando dezenas de milhar de leitores. A oficina do escritor estava montada: com a incubadora de personagens, fábrica das roupas mais esquisitas, armazém dos meios de transporte – a maior parte deles em desuso -, igrejas, mesquitas e sinagogas, Deus, deuses e diabos de todas as espécies, cenários belos e grotescos, amor, paixão, amizade, lealdade, medo, inveja, traição, emoção, tédio e tudo mais que convém a uma oficina de autor. A partir de então, o espírito invisível que me visitou nos primeiros tempos contando-me histórias ao ouvido para as passar para o papel, vinha de vez em quando, obrigando-me a suar imenso na investigação e na escrita. Tantas vezes sofrida e desesperada, sem saber que sorte dar às personagens que pariam abundantemente nas minhas mãos. A Profecia de Istambul (2010), O Segredo de Compostela (2013), Para lá de Bagdad (2015), A Arte de Caçar Destinos (2017) e Amantes de Buenos Aires (2019) nasceram naquela oficina, onde, sempre que posso, me recolho para prosseguir na fabricação de novas ideias e histórias. Na verdade, tudo vai do começar! Depois, não há como parar! Alberto S. Santos Comments are closed.
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Agosto 2024
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