Terminou a campanha e o dia das eleições europeias. Embora em número mais elevado, fruto certamente da inovação do voto em mobilidade, mas, ainda assim, não votaram mais de 6 eleitores em cada 10.
As razões são conhecidas. Para além de muitos eleitores se demitirem de exercerem o ato mais importante democracia, outros tantos não sentem o apelo pela eleição dos nossos representantes no Parlamento Europeu. E, pelo que se viu, praticamente ninguém se interessou por explicar aos portugueses em que é que os eurodeputados interferem na nossa vida pessoal e coletiva. Para já não falar que o resultado de uma eleição para o Parlamento Europeu pode abalar os fundamentos de um regime e pôr em causa a continuidade de um Presidente da República ou de um Governo, como está a acontecer em França. Ora, as decisões dos eurodeputados influenciam a nossa vida em matérias tão importantes como a economia, o ambiente e alterações climáticas, o combate à pobreza, a segurança e a energia. Tal como aprovam o Orçamento da União Europeia e controlam a forma como o dinheiro é gasto. E também elegem quem vai ocupar os cargos de Presidente da Comissão Europeia e os Comissários, e fiscalizam a sua atividade. Que igualmente decidem sobre nós. Porém, tenho para mim que das mais importantes missões que um eurodeputado pode ter é a de defender os valores da democracia, dos direitos humanos, da liberdade, da igualdade e do Estado de Direito. Sobretudo, nos tempos em que vivemos, em que nunca se viu uma tão grande clivagem de posições radicalizadas à esquerda e à direita. Os radicalismos, venham donde vierem, acabam quase sempre em guerra, perseguições e ameaças ao nosso valor coletivo e civilizacional maior: a liberdade. É por isso que, para os democratas, é tão importante participar nas eleições europeias. Do mesmo modo de que beneficiamos hoje das políticas inclusivas da União (ainda que imperfeitas), no dia em que, na Europa, voltarem a mandar os radicalismos, todos sofreremos dos males que eles – em Bruxelas e Estrasburgo – decidirem sobre as nossas vidas. E contra isso só temos uma arma: o voto. O voto de um português, que vale tanto como o de um francês, de um alemão ou de um húngaro. Alberto S. Santos Artigo de opinião publicado no IMEDIATO (15/06/2024) |
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